Ouviu o soar da sineta. Enquanto todos corriam em direção ao pátio, ele ficou parado em frente à sala dos professores, atarefado consigo mesmo.
Agachado, a franja escura balançando sobre a testa, ele apoiava o joelho direito no peito para facilitar a execução da tarefa. Os dedos tremiam por entre as pontas do cordão. Tentava nervoso relembrar as regras e etapas aprendidas há poucas semanas. Ela passou ao seu lado, abrindo sua lancheira, no intuito de pegar a maçã verde, sem querer notou que ele estava agachado, como era curiosa, parou ao seu lado.
- Precisa de ajuda?
- Não, eu sei fazer sozinho.
- Não sabe nada, você está aí faz um tempão.
-É que estou me concentrando, só isso. Você não estava indo comer sua maçã?
- Acho que posso comer aqui... Quero ver se você sabe mesmo...
- Deixa de ser chata, eu sei sim, quer ver? Ó...
Recomeçou as etapas, os dedos entrecruzaram-se sem chegar a um final positivo. Começou a suar frio, afastou a franja da frente dos olhos e olhou para ela meio sem jeito. Como quem ouvisse um pedido, ela guardou novamente a maçã na lancheira, agachou e puxou o pé dele, que desequilibrando-se quase caiu sentado. Ela não ligou.
- É assim que se faz, olha...
Em três breves movimentos ela deixou o all star preto dele novamente justo. Mas ele não queria dar o braço a torcer.
- Mas era assim mesmo que estava fazendo...
Ela sorriu, ele enrubesceu. Os dois sabiam que, para ele, o simples cadarço ainda era um enorme desafio.
3 comentários:
Inocentes.
Ainda tem tanto por vir...
Por vezes, parece que perdemos a inocência; as vezes nos é roubada, ora a adquirimos de volta de alguma maneira, e de novo...
Vai, vocaliza consonância...
Essa vai pra intranet!!
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